A crescente preocupação global com as mudanças climáticas tem intensificado a pressão sobre a indústria de petróleo e gás para reduzir suas emissões de metano, um gás de efeito estufa com poder de aquecimento mais de 80 vezes superior ao do CO₂ em um período de 20 anos. Em resposta a esse desafio, foi criado o OGMP (Oil and Gas Methane Partnership), uma iniciativa lançada pela Coalizão Clima e Ar Limpo (CCAC) e implementada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). A versão 2.0 foi lançada em 2020, com aprimoramentos e maior ambição, por meio de uma colaboração entre PNUMA, CCAC, a Comissão Europeia, o Evironmental Defense Fund e 62 empresas de petróleo e gás. O objetivo principal é melhorar a transparência, mensuração e redução das emissões de metano no setor.
O OGMP 2.0 é o padrão mais rigoroso atualmente adotado para relatórios voluntários de emissões de metano, com foco em medições baseadas em fontes reais, ou seja, não apenas estimativas genéricas. As empresas signatárias se comprometem a avançar em cinco níveis de relatórios (de 1 a 5), sendo o nível 5 o mais avançado, com dados baseados em medições diretas e verificáveis.
Como funciona o OGMP?
O OGMP estabelece um padrão rigoroso de reporte de emissões de metano, o que inclui:
- 5 níveis de reporte: desde estimativas baseadas em fatores de emissão genéricos até medições reais detalhadas, com foco na melhoria contínua.
- Cobertura total: contempla toda a cadeia de valor, incluindo upstream (exploração e produção), midstream (transporte e armazenamento) e downstream (refino e distribuição).
- Plano de ação: as empresas precisam apresentar metas e estratégias claras de redução.
Benefícios para empresas participantes:
- Melhoria da reputação e acesso a investidores focados em ESG.
- Identificação de oportunidades econômicas (por exemplo, recuperação de gás que seria perdido).
- Preparação para futuras regulações ambientais mais rigorosas.
- Apoio técnico e troca de melhores práticas entre membros.
Tecnologias envolvidas
A filosofia do programa é clara: “Se você não pode medir, você não pode consertar”. Portanto, tecnologias de medição direta, como as câmeras OGI, são cruciais para detectar emissões em tempo real e de forma precisa, inclusive em locais de difícil acesso ou onde os inventários tradicionais não indicam emissões relevantes.
Vantagens da tecnologia OGI no contexto do OGMP
A partir do nível 4, o OGMP 2.0 exige que os operadores utilizem fatores de emissão específicos baseados em medições reais. As câmeras OGI permitem:
- Identificação visual imediata de vazamentos de metano, mesmo em concentrações baixas.
- Cobertura eficiente de instalações complexas, incluindo tubulações, conexões e flares.
- Monitoramento não intrusivo, ideal para ambientes industriais com riscos operacionais.
No nível 5, além das fontes individuais, é necessário medir o total de emissões por instalação, o que reforça a necessidade de uma abordagem integrada, combinando medições locais com tecnologias móveis e aéreas. Além da utilização de satélites na detecção de superemissões, é importante ressaltar que tais tecnologias não são suficientes de forma isolada. O monitoramento contínuo com sensores fixos e o uso de câmeras OGI em campanhas programadas formam uma estratégia complementar altamente eficiente. É uma tecnologia validada internacionalmente, com histórico comprovado de desempenho sob condições reais, o que é um requisito essencial nas auditorias e processos de reconciliação exigidos pelo OGMP 2.0.
Esse modelo híbrido é particularmente relevante para operadores que buscam:
- Atender aos requisitos de rastreabilidade e frequência definidos pelas diretrizes;
- Responder rapidamente a eventos inesperados;
- Manter conformidade com regulamentos locais e padrões internacionais.